quarta-feira, 13 de junho de 2012

Porque estou em greve?

Caro leitor, estive um pouco ausente neste intervalo de tempo que coincide com o quase um mês que os professores Universitários Federais decretaram greve, e estive e estou acompanhando tudo de perto, mas gostaria aqui de falar um pouco sobre os motivos que me levaram a tal posicionamento. Sonhei por longos anos entrar numa universidade Pública e Gratuita para um dia ser Cirurgião-Dentista, e o sonho chegou depois de três anos consecutivos de vestibulares, e em 2002 tronei-me o tão sonhado Cirurgião-Dentista (CD), com uma boa experiência como Presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Isto feito, comecei a trabalhar como CD, trabalhando em Planos de Saúde, Clinicas Particulares e Consultório Particular. Esteva de fato me envolvendo na Profissão e alcançando empregos mais cobiçados e iniciando outra luta nos concursos da área. Mas aí veio uma especialização em Morfologia, comecei a estudar mais a fundo a Anatomia, e deixei-me envolver por uma paixão que também havia começado ainda na Faculdade, como monitor de anatomia da Cabeça e Pescoço. Foi tão intenso que pedi para sair de um dos empregos como CD pois havia passado num concurso para professor substituto em Anatomia na UFPE, e logo em seguida veio o Mestrado na área também, mas não tive bolsa, pois dediquei-me a ensinar em Faculdades Particulares, mas ainda podia exercer minha profissão em meu consultório particular, mesmo, e por isso, sem ganhar bolsa no mestrado, e deixando de assumir um emprego num PSF da região metropolitana do Recife justamente por imaginar outro rumo. E este rumo imaginado tornou-se realidade no momento em que fui aprovado, em concurso, para Professor efetivo da UFPE, mas para isso existia uma dedicação exclusiva, e aí começou minha grande indagação sobre que rumo tomar: Continuar com meu sonho de menino e me estabelecer como um grande CD como muitos dos meus amigos, ou entrar numa carreira acadêmica, antigamente tão almejada e cobiçada, até mesmo pelos grandes CD's do mercado. Até este momento não havia pensado em quanto iria ganhar ou deixar de ganhar com esta ou aquela escolha, apenas estava indo atrás de valorizar as conquistas que havia conseguido, a graduação, o mestrado, o concurso federal, o futuro doutorado, coisas que há um tempo atrás seria motivo de orgulho e grande satisfação pessoal. Hoje (leia-se 17 maio) deparei-me com meus quase quatro anos de dedicação exclusiva de meu emprego como professor Universitário Federal e vi o quanto me dedico para formar futuros CD's, pois sou responsável pela disciplina de Anatomia dentária, da cabeça e pescoço do curso de Odontologia noturno da UFPE, o quanto me empolga poder conectar meus conhecimentos da área Odontológica com a Anatomia mostrando ao meu aluno o quanto é importante ter uma boa base, mesmo com alguns reclamarem da minha cobrança, coisas de aluno e professor. Pois bem, pelo breve exposto, pude explicar este meus dez anos de formado em Odontologia, mas que junto com os mesmos vieram outras cobranças, não só particulares, mas também da sociedade. O poder de aquisição, quando comparado com a minha escolha com o que poderia ter seguido, foram discrepantes, não tinha raciocinado a respeito mas pude sentir nas contas ao fim do mês, e aí olhei para trás e precisei parar e pensar sobre o que havia feito. Será que minha escolha foi errada? Será que meu mestrado e futuro doutorado não tem o valor de uma dedicação em tempo comparado com uma nova graduação? Será que ser professor, passar por graduações e pós-graduações específicas para poder concorrer em um concurso qualificado não teria reconhecimento? Será que pensar em fazer crescer o País chamado Brasil não é dedicar conhecimento em prol de futuros profissionais e cientistas em todas as áreas? Este foi o grande pensamento que vinha sendo "trabalhado" em mim. O que era ser dedicação exclusiva (DE) e não ter sossego em adquirir uma casa? O que era ser DE e não poder trocar de carro? O que era ser DE e não ter economia para se fazer uma viajem nas merecidas férias? E isto me consumiu muito, olhar na internet outros concursos com exigências bem menores de qualificação que os de professor Universitário e ver que os salários eram bem mais atrativos, só me faziam pensar que as duas áreas que escolhi e que dediquei tempo e conhecimento não tem valorização nenhuma neste País que tanto amo e defendo, que são as da saúde e da educação. POR TUDO ISSO ENTREI DE GREVE, NÃO PARA PREJUDICAR MEU ALUNO, QUE TENHO CERTEZA QUE PELO QUE EXPLIQUEI EM SALA DE AULA, A MAIORIA ME APOIARIA E APOIA, NÃO PARA FICAR DE FÉRIAS ANTECIPADA, E MUITO MENOS PARA SER UM PROFESSOR DO CONTRA QUE VER MOTIVO EM TUDO PARA PARAR AS ATIVIDADES, MAS PARA PODER MOSTRAR A SOCIEDADE O QUANTO ESTÁ SENDO INJUSTO DEDICAR-ME PARA MELHORAR E CONTRIBUIR COM O FUTURO DO PAÍS E NÃO PODER OBJETIVAR UM FUTURO TRANQUILO PARA MIM E MINHA FAMÍLIA. Obrigado pela atenção e paciência em ler este longo desabafo. Boa noite

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